Dia do Dia 05/08/2016
O Interior da Alma
O olho do
espírito em parte nenhuma pode encontrar mais deslumbramentos, nem mais trevas,
do que no homem, nem fixar-se em coisa nenhuma, que seja mais temível,
complicada, misteriosa e infinita. Há um espetáculo mais solene do que o mar, é
o céu; e há outro mais solene do que o céu, é o interior da alma.
Fazer o
poema da consciência humana, mas que não fosse senão a respeito de um só homem,
e ainda nos homens o mais ínfimo, seria fundir todas as epopeias numa epopeia
superior e definitiva. A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das
tentativas, o cadinho dos sonhos, o antro das ideias vergonhosas: é o
pandemónio dos sofismas, é o campo de batalha das paixões. Penetrai, a certas
horas, através da face lívida de um ser humano, e olhai por trás dela, olhai
nessa alma, olhai nessa obscuridade. Há ali, sob a superfície límpida do
silêncio exterior, combates de gigante como em Homero, brigas de dragões e
hidras, e nuvens de fantasmas, como em Milton, espirais visionárias como em
Dante. Sombria coisa esse infinito que todo o homem em si abarca, e pelo qual
ele regula desesperado as vontades do seu cérebro e as ações da sua vida!
Victor Hugo em “Os Miseráveis”
O Interior da Alma
O olho do
espírito em parte nenhuma pode encontrar mais deslumbramentos, nem mais trevas,
do que no homem, nem fixar-se em coisa nenhuma, que seja mais temível,
complicada, misteriosa e infinita. Há um espetáculo mais solene do que o mar, é
o céu; e há outro mais solene do que o céu, é o interior da alma.
Fazer o
poema da consciência humana, mas que não fosse senão a respeito de um só homem,
e ainda nos homens o mais ínfimo, seria fundir todas as epopeias numa epopeia
superior e definitiva. A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das
tentativas, o cadinho dos sonhos, o antro das ideias vergonhosas: é o
pandemónio dos sofismas, é o campo de batalha das paixões. Penetrai, a certas
horas, através da face lívida de um ser humano, e olhai por trás dela, olhai
nessa alma, olhai nessa obscuridade. Há ali, sob a superfície límpida do
silêncio exterior, combates de gigante como em Homero, brigas de dragões e
hidras, e nuvens de fantasmas, como em Milton, espirais visionárias como em
Dante. Sombria coisa esse infinito que todo o homem em si abarca, e pelo qual
ele regula desesperado as vontades do seu cérebro e as ações da sua vida!
Victor Hugo em “Os Miseráveis”
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