Dia do Dia 17/12/2014
- Eu não sei o que é a inspiração. Mas também a verdade é que
às vezes nós usamos conceitos que nunca paramos a examinar. Vamos lá a ver:
imaginemos que eu estou a pensar determinado tema e vou andando, no
desenvolvimento do raciocínio sobre esse tema, até chegar a uma certa
conclusão. Isto pode ser descrito, posso descrever os diversos passos desse
trajeto, mas também pode acontecer que a razão, em certos momentos, avance por
saltos; ela pode, sem deixar de ser razão, avançar tão rapidamente que eu não
me aperceba disso, ou só me aperceba quando ela tiver chegado ao ponto a que,
em circunstâncias diferentes, só chegaria depois de ter passado por todas essas
fases.
Talvez, no fundo, isso seja inspiração, porque há algo que
aparece subitamente; talvez isso possa chamar-se também intuição, qualquer
coisa que não passa pelos pontos de apoio, que saltou de uma margem do rio para
a outra, sem passar pelas pedrinhas que estão no meio e que ligam uma à outra.
Que uma coisa a que nós chamamos razão funcione desta maneira ou daquela, que
funcione com mais velocidade ou que funcione de forma mais lenta e que eu posso
acompanhar o próprio processo, não deixa de ser um processo mental a que
chamamos razão.
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