Dia do Dia 24/04/2014
Felicidade com Poucos Bens
Embora a
experiência me tenha ensinado que se descobrem homens felizes em maior
proporção nos desertos, nos mosteiros e no sacrifício do que entre os
sedentários dos oásis férteis ou das ilhas ditas afortunadas, nem por isso cometi
a asneira de concluir que a qualidade do alimento se opusesse à natureza da
felicidade. Acontece simplesmente que, onde os bens são em maior número,
oferecem-se aos homens mais possibilidades de se enganarem quanto à natureza
das suas alegrias: elas, efetivamente, parecem provir das coisas, quando eles
as recebem do sentido que essas coisas assumem em tal império ou em tal morada
ou em tal propriedade. Para já, pode acontecer que eles, na abastança, se
enganem com maior facilidade e façam circular mais vezes riquezas vãs. Como os
homens do deserto ou do mosteiro não possuem nada, sabem muito bem donde lhes
vêm as alegrias e é-lhes assim mais fácil salvarem a própria fonte do seu
fervor.
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